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O que é Alexitimia no autismo

Alexitimia é um termo para descrever problemas em sentir emoções. Pessoas que têm alexitimia podem ter dificuldade em identificar, compreender e descrever emoções. Eles também podem ter dificuldade para demonstrar ou sentir emoções que são vistas como socialmente apropriadas, como a felicidade em uma ocasião alegre. Estima-se que 1 em cada 10 pessoas tenha alexitimia, mas é muito mais comum em pessoas com depressão e em pessoas autistas. 1 em cada 5 pessoas autistas tem alexitimia.

Última revisão da página: 16 de outubro de 2023

Alexitimia vs. Autismo


Alexitimia e autismo geralmente ocorrem juntos, mas também são distintos um do outro. Alexitimia é uma construção subclínica (muitas vezes considerada um traço de personalidade) que se caracteriza por dificuldades em identificar e descrever as próprias emoções. O autismo é uma forma de neurodivergência caracterizada pela auto-apaziguamento através da repetição e rotina e um estilo de comunicação distinto que muitas vezes entra em conflito com a comunicação alística (uma preferência por comunicação direta, concreta e relevante ao contexto).

O que é alexitimia - foto de um menino autista - BR Terapeutas

Embora não estejam incluídos no DSM, muitos outros marcadores diagnósticos para o autismo incluem coisas como: dificuldade com a teoria da mente e tomada de perspectiva, dificuldade em identificar e interpretar o tom emocional e as expressões faciais e dificuldade com a empatia. No entanto, muitas dessas características são, na verdade, específicas da alexitimia e não do autismo. Geoff Bird e sua equipe de pesquisadores no Reino Unido realizaram extensas pesquisas sobre autismo e alexitimia. Eles passaram a se referir a isso como a “hipótese da alexitimia”. A hipótese da alexitimia é que muitas das dificuldades de processamento emocional atribuídas ao autismo são, na verdade, melhor explicadas pela alexitimia concomitante. Eles argumentam que, à luz desta descoberta, os critérios diagnósticos para o autismo deveriam ser revistos.

Alexitimia e Empatia

Um estudo realizado por Geoff Bird e sua equipe de pesquisa usou ressonância magnética funcional para medir o grau de atividade neural evocada pela dor de um ente querido.

Os autores observaram que o grau de atividade cerebral empática estava correlacionado com a alexitimia, mas não com o autismo. Não houve diferença no grau de empatia entre os grupos autistas e controle após contabilizar a alexitimia. Você pode ler o artigo completo aqui.

Não houve diferença no grau de empatia entre os grupos autistas e controle após contabilizar a alexitimia. Estas descobertas sugerem que os défices de empatia observados no autismo podem ser devidos à grande comorbilidade entre traços alexitímicos e autismo, em vez de representarem uma característica necessária das deficiências sociais no autismo.

Alexitimia e reconhecimento emocional

Um segundo estudo realizado pela mesma equipe de pesquisa avaliou como pessoas autistas e não autistas percebiam as expressões faciais. O estudo mostrou aos participantes diferentes expressões faciais e pediu-lhes que rotulassem com precisão a emoção retratada. Os participantes com alexitimia grave não conseguiram rotular as emoções representadas de forma consistente. Uma vez contabilizada a alexitimia, não houve défices entre as pessoas autistas (o que significa que as pessoas autistas sem alexitimia não tiveram dificuldades nesta área).

Alexitimia e reconhecimento de afeto vocal

Um terceiro estudo analisou a relação entre autismo, alexitimia e dificuldades em reconhecer o afeto vocal (afeto = tom emocional). Os participantes foram solicitados a identificar a emoção transmitida em vocalizações verbais (números de três dígitos lidos em voz alta) e não-verbais (por exemplo, rir, chorar). Eles encontraram uma ligação significativa entre alexitimia e reconhecimento emocional. Os autores concluíram que as diferenças na precisão do reconhecimento de emoções se deviam à alexitimia concomitante e não ao autismo em si.

Sumário

Autismo e alexitimia ocorrem juntos em altas taxas. A interocepção é um elo fundamental que conecta a alexitimia e o autismo.

Muitos dos estereótipos e suposições que temos sobre o autismo são derivados de pessoas autistas com alexitimia grave. Portanto, se você é autista e está se perguntando por que não se enquadra nos estereótipos, ou se tem dificuldade em se perguntar se é “autista o suficiente”, é possível que a alexitimia possa ser a sua resposta.

A pesquisa sugere que os “sintomas emocionais do autismo” são melhor explicados pela alexitimia e não pelo autismo em si (Bird e Cook, 2013). Muitas das representações estereotipadas do autismo são baseadas em pessoas autistas com alexitimia grave.

Dadas estas novas informações, é sensato considerar a revisão dos critérios diagnósticos para o autismo. E embora a alexitimia não seja uma condição médica ou de saúde mental, pode ser benéfico adicioná-la como um descritor ao diagnóstico.

A alexitimia grave cria complicações e lutas adicionais para a pessoa autista, portanto, pode ser benéfico incluí-la no diagnóstico de autismo. Por exemplo, se uma pessoa foi diagnosticada com “Condição do Espectro do Autismo, com traços alexitímicos graves”, isto pode dar aos prestadores de cuidados médicos e prestadores de cuidados mais informações sobre as necessidades específicas de cuidados da pessoa.

As informações contidas neste site não devem ser usadas como um substituto para cuidados ou conselhos médicos profissionais. Entre em contato com um profissional de saúde se tiver dúvidas sobre sua saúde.


A BR Terapeutas é uma plataforma online que conecta pessoas com deficiência (PCD) a terapeutas especializados em atender esse público. A plataforma foi criada por uma fonoaudióloga que também é mãe atípica, que sentiu a necessidade de facilitar o acesso a serviços de saúde mental e bem-estar para pessoas com deficiência.

Referência

O tratamento envolve intervenções de diversas áreas como médicos, psicólogas, fisioterapeutas, fonoaudiólogas, terapeutas ocupacionais entre outros, além da orientação de pais, cuidadores, amigos etc.

Você pode encontrar terapeutas perto de você no site BR Terapeutas.